Quem nos conhece sabe que além dos automóveis, atuamos em outras frentes, e foi em uma conversa, até meio que informal, com um colega empresário, que explicava a ele minhas dificuldades em lhe dar com o público final (os do próprio mercado automotivo), uma gente por demais exigente - não que lhes deveria ser negado este direito - a um nível por muitas vezes ridículo. Um público baseado num senso-comum muitas vezes errôneo mas que se configura como verdade absoluta, e qualquer tentativa nossa em esclarecer o erro é tratada como "malandragem". Um público que, em resumo, só observam quatro fatores, justamente os mais fáceis: único dono, preço, pintura e kilometragem. Diante de toda a complexidade que envolve o ramo automotivo, estes são os fatores determinantes que pesam na decisão da clientela, mas isso, claro, sempre que lhes são favoráveis.
O idiota é aquele sujeito que muitas vezes incorre no erro mas que o tem como verdade absoluta. Errar é humano, sim, mas no caso do idiota, ele sequer se dá ao trabalho de pesquisar, verificar informações, enfim, para o idiota é mais fácil seguir o senso-comum ou por muitas vezes até mesmo criar conceitos sobre aquilo que lhe convém. Como alento, fui "aconselhado" a tratar os idiotas como idiotas: se eles querem "único dono", diga que é único dono. Se querem preço, faça um bom jogo de números, para que imaginem estar na vantagem. Se querem comprar carro usado com aspecto de 0km, há truques para isso. E se querem baixa km... aquele tapa resolve! Segundo meu conselheiro, os clientes não passam de idiotas, merecem ser enganados e por muitas vezes parecem até gostar, porque a verdade é que os infelizes querem apenas a sensação de estar na vantagem, para "fobar" à família e aos conhecidos do bar e/ou da igreja, e com medo de fugir da doce sensação da vantagem são capazes até de negar o erro em que se meteram.
Por mais que abomine estas práticas, me revolta observar que o domínio do mercado está em quem as pratica, mas o que esperar da população brasileira que sequer sabe conviver em sociedade, sequer sabe eleger representantes, e até mesmo sequer sabem de suas auto-afirmações?!
Continuamos acreditando que haja uma boa parcela inteligente na sociedade, e que com essa parcela podemos contar, mas na certeza de que, infelizmente, são minoria... a vida segue!
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