NOSSO PRINCIPAL OBJETIVO

       Desde quando comecei a trabalhar vendendo carros, pude perceber que, por muitas vezes, perdia vendas pelo simples fato de ser sincero. Fazia questão de passar o preço de tabela da loja, e de deixar claro ao cliente todas as taxas extras aos quais ele teria de pagar, como IPVA e transferência. Como o preço do carro era sempre o primeiro que eu passava, sendo esse o de tabela, sem quaisquer margem acima, ficava atraente, despertando de imediato o interesse do propenso consumidor. O problema vinha na mesa de negociações. Brasileiro que é brasileiro sempre quer sair na vantagem, e sendo assim, quando o cliente me pedia descontos no preço do carro, brindes como som, películas entre outras coisas, IPVA e transferência, eu não tinha de onde tirar. Pedir ao patrão desconto no carro? Nem pensar (é uma das coisas que eles mais detestam!)!

    - Se quiser dar brindes, descontos, ponha margem na venda. Se é 23 mil, comece oferecendo por 25. - . É mais ou menos assim.

       Na primeira loja em que trabalhei até que não tive tanto problema com isso. O dono da loja estipulava preços altamente incompatíveis com o mercado, resumindo, ele mesmo já punha margem em seus carros. Assim fica fácil conceder benefício à clientela! No final, da mesma forma, o veículo acabava saindo pelo valor de mercado. Ou na pior das hipóteses (para o cliente) não, em se tratando de desavisados sem nenhuma noção de preço de carro.

       Seria muito fácil reclamar de má-fé por parte apenas das empresas e vendedores, mas a verdade é que boa parte desse mau tem como origem o próprio consumidor, que não aceita pagar preço justo por nada, que quer sempre sair na vantagem. Exemplo típico, ofereço um produto a 17 e ele quer pagar 15. Provo que 17 é o preço real, mas ele não aceita fazer uma compra e não obter o famigerado desconto. Provo que meu produto vale 17 ou até mais, em vão. O típico consumidor brasileiro é aquele que quer, na roda de amigos, na bebedeira de fim de semana, ou em meio aos "irmãos" de sua igreja, explicitar a todos ao redor  que é mais esperto e passou mais um pra trás.

       Além de esclarecer ao público leigo sobre como funciona esse mercado, um dos principais objetivos deste canal de comunicação é o de propor um mercado mais justo, onde impere a sinceridade acima de tudo. Seria bom para todos, pois o comprador poderia adquirir um produto sem descobrir surpresas depois, e o lojista ou vendedor teria mais facilidade em montar uma carteira de clientes, pois como costumo dizer, o cliente insatisfeito pode até contar pra mil, mas o satisfeito também conta. E poucas coisas são tão satisfatórias quanto ver o retorno ou/e indicação de um cliente. 

       Palavra de vendedor!

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